(Foto: © Shutterstock)
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) prevê que mais de 2 milhões de procedimentos estéticos cirúrgicos sejam registrados no Brasil em 2023, sendo que a média anual é de aproximadamente 1,5 milhão de procedimentos.
Entretanto, médicos estão em alerta sobre os riscos relacionados a cirurgias feitas por profissionais não qualificados, principalmente em procedimentos de alta complexidade. Preocupações são levantadas também em relação a médicos sem especializações.
O CREMESP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) reviu processos de 289 médicos, constatando que 48,1% não possuíam qualquer título de especialidade médica. Além disso, 49,5% tinham certificados em áreas não relacionadas à cirurgia plástica ou procedimentos estéticos. Apenas 2,1% dos médicos processados eram cirurgiões plásticos, e 0,3% eram dermatologistas com atuação em procedimentos estéticos.
“Sendo assim, é de suma importância tomar conhecimento de alguns fatos antes de se precipitar à vontade de mudar a aparência”, alerta Luís Maatz, cirurgião plástico, especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC/FMUSP), e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP):
Informe-se bem sobre o cirurgião e suas práticas: uma boa indicação é importante, mas não é suficiente. “Não adianta ser um dos cirurgiões plásticos mais renomados do Brasil se você não sentir confiança nele. Médico é uma escolha muito pessoal e você precisa ter certeza sobre sua decisão”, pondera Maatz.
Segundo ele, a primeira medida é se certificar de que o médico é da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), se tem Registro de Qualificação de Especialidade (RQE) e, no caso da cirurgia plástica, se possui o RQE de cirurgia geral e plástica.
“Depois, verifique se o procedimento será feito em um hospital ou em uma clínica com toda a estrutura necessária para uma cirurgia, e se a equipe é devidamente qualificada”.
Em relação ao local do procedimento, na dúvida, Maatz aconselha optar pelo hospital. “Por menos invasiva que seja, a plástica é uma cirurgia como qualquer outra que, como tal, apresenta riscos. Por mais sofisticada que seja, nenhuma clínica substitui a infraestrutura e a segurança de um hospital, caso ocorra uma possível emergência”.
Não se iluda com os resultados: muitas pessoas já chegam ao consultório dizendo que querem ter a boca igual da Angelina Jolie ou a barriga da Carolina Dieckmann. Segundo o cirurgião, isso não existe.
“Cada pessoa tem um biotipo próprio, e nem sempre o que é lindo em alguém ficará bem em você. Imagina uma mulher com baixa estatura e bem magrinha, com o bumbum da Kim Kardashian? Seu corpo ficará completamente desproporcional! Portanto, não use a plástica para ser o clone de alguma beldade. O resultado nunca será o mesmo, e você poderá fazer um enorme estrago na sua aparência”, diz Luís Maatz.
Plástica exige indicação: Tem orelha de abano? Seu nariz é saliente demais e desproporcional ao seu rosto? Seus seios são muito grandes a ponto de prejudicarem sua coluna? Teve bebê e suas mamas ficaram caídas? Emagreceu demais e ficou com a barriga flácida, com excesso de pele? Você treina regularmente, tem uma alimentação saudável e, mesmo assim, não consegue se livrar dos pneuzinhos?
Estes são bons motivos para recorrer à cirurgia plástica. “Nestes casos, o procedimento irá corrigir as partes que te incomodam, aumentando sua autoestima”.
Lipoaspiração não emagrece: a lipoaspiração tem como objetivo a redefinição de contornos corporais, retirando aquelas gordurinhas localizadas que não são eliminadas mesmo com atividade física e dieta. “Aliás, o processo deve ser o oposto. O ideal é que a pessoa emagreça o máximo possível antes da cirurgia, pois, quanto menos gordura no corpo, melhor será o resultado da lipo”.
Além disso, segundo o cirurgião, o limite máximo de retirada de gordura varia de 5 a 7% do peso corporal total do paciente, dependendo da técnica utilizada e da associação ou não de outras cirurgias conjuntas.
“Após a recuperação total, adote a prática de atividade física regular e os hábitos alimentares saudáveis. Isso é fundamental para preservar os efeitos da lipoaspiração”, orienta Luís Maatz.
Quais os exames pré-operatórios essenciais: o cirurgião deve primeiro avaliar histórico médico e familiar (incluindo doenças crônicas/pré-existentes), cirurgias anteriores, alergias, bem como os hábitos de vida do paciente.
Segundo Maatz, os exames necessários dependem das intervenções cirúrgicas planejadas. Geralmente, incluem hemograma (analisa hemácias, leucócitos e plaquetas); glicemia em jejum (verifica os níveis normais de glicose e previne complicações durante o procedimento cirúrgico); coagulograma (avalia a coagulação sanguínea e evita sangramentos durante a cirurgia).
Também deve ser feita dosagem de ureia e creatinina (checa a saúde renal do paciente); exame de urina (como o EAS, que avalia pH, densidade e outras substâncias); e eletrocardiograma (analisa a atividade elétrica do coração para determinar se está funcionando adequadamente).
“Já os exames de imagem são essenciais para que o médico possa avaliar as áreas que serão operadas”, completa o cirurgião, que também é especialista em Reconstrução Mamária pelo Hospital Sírio-Libanês/SP e em Cirurgia de Mão pelo HC/FMUSP.
Tenha bom senso e saiba a hora de parar: realizar uma lipoaspiração em partes com excesso de gordura que não é eliminada nem com atividade física, aumentar os seios pequenos para te deixar mais feminina ou implantar botox para suavizar marcas de expressão. Desejos como esses são normais. Todo mundo tem insatisfação com alguma parte do corpo. No entanto, como tudo na vida, é preciso ter bom senso e saber o limite da cirurgia plástica.
“Já vimos diversas celebridades que ficaram com a aparência praticamente deformada devido ao excesso de plásticas. A cirurgia estética serve justamente para harmonizar seu rosto e/ou corpo. O resultado deve ser natural. Lembre-se: a plástica bem realizada é aquela que não fica evidente”, reforça o cirurgião.
Siga à risca as orientações do pós-operatório: realizar o pós-operatório exatamente como indicado pelo médico é fundamental para o sucesso da cirurgia. No início, haverá inchaço, incômodo e o paciente não deverá fazer esforços físicos por um determinado período. É imprescindível tomar as medicações prescritas e seguir a alimentação direcionada.
“De qualquer forma, cada procedimento possui orientações pré e pós-operatórias específicas. No retorno com o cirurgião plástico, ele deve passar todos os detalhes e cuidados com a recuperação no pós-operatório, mas não hesite em tirar todas as suas dúvidas”, finaliza Luís Maatz.
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